Maturidade em IA: Lições do Gartner e Caminhos para Evoluir
- Breno Lessa
- 25 de jul.
- 5 min de leitura
Maturidade em inteligência artificial (IA) representa o divisor de águas entre experimentar tecnologia e incorporar IA como diferencial competitivo, ético e sustentável. Organizações que evoluem em maturidade superam o ciclo de pilotos isolados, conectando IA à governança, cultura, dados, engenharia e propósito estratégico (Gartner, 2025a).

O que é maturidade em IA segundo o Gartner
O Gartner propõe que maturidade em IA envolva evolução em cinco níveis e sete pilares, onde cada aspecto é desenvolvido de forma integrada e incremental:
Os sete pilares são:
Estratégia: IA articulada à visão e aos objetivos de longo prazo, assegurando alinhamento da liderança e clareza de propósito.
Valor: Definição rigorosa e acompanhamento de KPIs, com mensuração contínua do impacto e ROI das iniciativas inteligentes.
Organização: Estrutura colaborativa, papéis claros e squads multidisciplinares que integram negócio, tecnologia, dados e compliance.
Cultura: Incentivo aberto à aprendizagem, experimentação responsável, letramento em IA, e segurança psicológica para inovar e ajustar rotas.
Governança: Políticas formais de ética, explicabilidade e compliance, trilhas de revisão humana e protocolos para adaptação a exigências legais (por exemplo, LGPD).
Engenharia: Processos técnicos sólidos para automação, integração eficiente, arquitetura flexível, versionamento e operações em escala.
Dados: Dados tratados como ativos estratégicos: integrados, catalogados, de qualidade auditável e com governança continuamente aprimorada (Gartner, 2025a).
Esses pilares evoluem em cinco níveis de maturidade progressivos, do estágio inicial à liderança. O progresso é percebido quando IA deixa de ser apenas uma experiência técnica e passa a compor a estratégia, governança e operação do negócio (Gartner, 2025a).
Visão dos 5 Níveis de Maturidade
Inicial: Predominam pilotos isolados e experimentos sem padronização ou governança.
Emergente: Aparecem primeiras parcerias, tentativas de replicação e padronização parcial, mas resultados e dados ainda estão fragmentados.
Estruturado: A empresa desenvolve políticas de governança e squads multidisciplinares, antecipa padrões de compliance e começa a mensurar valor de forma recorrente.
Escalonado: IA alimenta múltiplos fluxos críticos; cultura e dados estão integrados; automação, revisão ética e adaptação regulatória tornaram-se práticas regulares.
Líder: IA está no core da estratégia, equipes são adaptativas, dados são motor de decisão, e a organização está pronta para inovar e sustentar ganhos frente a novos desafios (Gartner, 2025a).
Por que maturidade em IA é decisiva
Empresas maduras em IA são capazes de:
Escalar soluções e resultados, mesmo em ambientes voláteis.
Proteger-se de riscos regulatórios, operacionais e reputacionais, com governança ativa e compliance ágil.
Integrar IA ao planejamento estratégico, acompanhando KPIs relevantes e aprendendo com ciclos de execução.
Fomentar colaboração real entre áreas, atraindo talentos e promovendo cultura de aprendizagem contínua.
Agilizar respostas a tendências de mercado e mudanças legais, ao invés de reagir tardiamente.
Já empresas em estágios iniciais enfrentam dificuldades para avançar além de pilotos, dependem de poucos especialistas, experimentam silos e atrasos, e fragilizam sua capacidade de gerar valor sustentado (Gartner, 2025b).
Como a Appia impulsiona a maturidade dos clientes
A Appia adota abordagem prática e customizada para acelerar a maturidade em IA – ancorada tanto em frameworks internacionais quanto em experiência no contexto brasileiro. As principais frentes de atuação são:
Diagnóstico 360º: Ferramentas e entrevistas para mapear forças e lacunas nos sete pilares, dando transparência sobre o estágio real da empresa.
Governança ativa: Estruturação de políticas, comitês de decisão, trilhas de revisão e protocolos éticos e de explicabilidade, conectando times de dados, negócio, jurídico e compliance.
Cultura e letramento em IA: Programas escaláveis de capacitação, oficinas práticas e estímulo a squads multidisciplinares – levando conhecimento técnico e estratégico sobre IA para todas as camadas da empresa.
Gestão e engenharia de dados: Inventário, integração, automação e padronização, priorizando dados confiáveis como base para valor contínuo em IA.
Execução colaborativa: Squads articuladas em ciclos de entrega incremental, com KPIs monitorados e revisões de práticas constantes.
Empresas líderes versus iniciantes – na prática
Líderes: Estruturam IA desde a definição estratégica, fomentam cultura digital integrada, promovem decisões de negócio baseadas em dados, revisam projetos com agilidade e segurança.
Iniciantes: Mantêm pilotos isolados, enfrentam barreiras de comunicação e colaboração, adotam políticas reativas ou inexistentes, têm maiores riscos de compliance e resultados pouco escaláveis (Gartner, 2025a).
Recomendações para acelerar a maturidade
Crie políticas de governança sólidas e trilhas de revisão ética desde os primeiros projetos.
Vincule as iniciativas ao planejamento estratégico, com patrocínio de executivos e metas mensuráveis.
Estabeleça gestão integrada de dados, com catalogação, versionamento e acesso seguro.
Implemente programas de letramento em IA, com trilhas práticas adaptadas aos diferentes perfis da companhia.
Promova squads multidisciplinares estáveis, com entregas incrementais e feedback contínuo.
Monitore, revise e compartilhe aprendizados, ajustando ações a benchmarks, normas regulatórias e tendências globais (StackSpot, 2024; Xcube Labs, 2025).
Letramento em IA e Transformação de Cultura
Não há maturidade em IA sem avanço estruturado no letramento analítico dos times. Conforme destaca o Gartner, o desenvolvimento de programas de capacitação contínua para todos os públicos da empresa — líderes, especialistas, áreas de negócio, jurídico e TI — é indispensável para criar confiança, autonomia e protagonismo na adoção da IA (Gartner, 2025a). O letramento em IA, promovido de modo transversal, não apenas prepara a equipe para lidar com novas ferramentas, mas também estimula visão crítica sobre os limites, riscos e potenciais da tecnologia.
Workshops imersivos, trilhas adaptadas para diferentes perfis, formação de multiplicadores internos e fóruns de trocas práticas são exemplos de iniciativas que aceleram a disseminação do letramento em IA. Empresas que tratam o tema como parte da estratégia colhem: maior agilidade em incorporar tendências, redução da resistência à mudança, qualidade na experimentação e, principalmente, alinhamento entre todos os níveis para decisões responsáveis e sustentáveis (Gartner, 2025a).
Engenharia e Squads Multidisciplinares — O alicerce para IA escalável
Outro elemento essencial do modelo de maturidade Gartner, e destaque da prática Appia, é a construção de times multidisciplinares dedicados à entrega contínua de valor em IA. O papel dos squads vai além do tradicional: cada célula une arquitetos/engenheiros de dados, cientistas de dados, engenheiros de IA/ML, especialistas do negócio, jurídico e compliance, sob liderança clara e objetivos compartilhados.
O funcionamento por sprints e ciclos ágeis garante revisão incremental de entregas e alinhamento constante a prioridades estratégicas. Além disso, os squads criam ambiente favorável ao reuso de padrões técnicos (design patterns), automação de fluxos, integração entre dados e monitoramento ativo da performance dos modelos. Essa integração torna possível migrar com segurança dos estágios iniciais à liderança — reduzindo desperdício, aprimorando governança e eliminando gargalos de comunicação citados pelo Gartner como entrave em empresas pouco maduras (Gartner, 2025a).
Tendências e próximos passos em maturidade de IA
O Gartner destaca que tendências como AI agents, decision intelligence e IA para augmentação de decisões já pressionam as organizações a fortalecer seus pilares estruturais. Até 2026, 75% das empresas do Global 500 estarão aplicando práticas de decision intelligence em IA, ligando dados, processos e resultados com precisão e rastreabilidade (Gartner, 2025b).
A maturidade também se traduz na adaptação às tecnologias emergentes, como IA composta, IA explicável, IA adaptativa, automação por plataformas modulares e uso responsável de fundações generativas e dados sintéticos em escala produtiva.
Conclusão
A maturidade em IA, quando orientada pelos sete pilares propostos pelo Gartner e acompanhada por uma metodologia realista como a da Appia, permite transformar expectativas em resultados concretos. Essa maturidade não é estática: é construída etapa por etapa, como um projeto estratégico de longo prazo que conecta áreas, impacta a cultura e cria valor contínuo para o negócio — de forma auditável, segura e humana.
Referências
Gartner. (2025a). AI Maturity and Roadmap: Accelerate Your Journey to AI Excellence https://cdn-static.bizzabo.com/bizzabo.file.upload/BJQur8o0Tm2rsPICsJcD_May16LRamosPdenHamer.pdf
Gartner. (2025b). Top AI Trends for the C-Suite in 2025
StackSpot. (2024, dezembro 12). Gartner’s Top Strategic Technology Trends for 2025. https://stackspot.com/en/blog/gartners-top-strategic-technology-trends-for-2025
Xcube Labs. (2025, julho 14). AI Trends 2025: Key Innovations Shaping the Future. https://www.xcubelabs.com/blog/top-ai-trends-of-2025-from-agentic-systems-to-sustainable-intelligence
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